Este blog é uma homenagem ao meu avô, João Petrillo, mais conhecido no meio artístico como "PRÍNCIPE MALUCO", um comediante dos áureos tempos dos cassinos no Brasil. Aqui também falamos do teatro de revista, das vedetes, das serestas, de poesia, música e das boas lembranças.
O historiador José Ramos Tinhorão, em seu livro Os Sons que Vêm da Rua, diz que serenata é o
hábito de cantar à noite pelas ruas, geralmente com o propósito de
fazer-se ouvir por amadas inacessíveis. Este autor revela que as serenatas já se faziam ouvir na Idade Média e que o nome surgiu como “serenada” pelos espanhóis e “serenata” pelos portugueses.
Provavelmente este hábito veio para o Brasil com os colonizadores. Tinhorão afirma que a serenata viveu seu ápice na segunda metade do século XIX, com o crescimento das cidades. Segundo ele, porém, após o fim da Primeira Guerra Mundial, o próprio desenvolvimento urbano acelerado acabou
por desestimular o hábito de cantar pelas ruas.
Nos idos de 1930, o Príncipe Maluco fez muitas serenatas em homenagem à sua amada. Cantava composições próprias e também de outros artistas. Minha avó tinha uma predileção por uma canção especial, muito linda, de Chiquinha Gonzaga, que aqui recordamos:
Lua Branca (Chiquinha Gonzaga)
Ó, lua branca de fulgores e de encanto
Se é verdade que ao amor tu dás abrigo
Vem tirar dos olhos meus o pranto
Ai, vem matar essa paixão que anda comigo
Ai, por quem és, desce do céu, ó, lua branca
Essa amargura do meu peito, ó, vem, arranca
Dá-me o luar de tua compaixão
Ó, vem, por Deus, iluminar meu coração
E quantas vezes lá no céu me aparecias
A brilhar em noite calma e constelada
E em tua luz então me surpreendias
Ajoelhado junto aos pés da minha amada
E ela a chorar, a soluçar, cheia de pejo
Vinha em seus lábios me ofertar um doce beijo
Ela partiu, me abandonou assim
Ó, lua branca, por quem és, tem dó de mim