sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Ah, as serenatas...

O historiador José Ramos Tinhorão, em seu livro Os Sons que Vêm da Rua, diz que serenata é o hábito de cantar à noite pelas ruas, geralmente com o propósito de fazer-se ouvir por amadas inacessíveis. Este autor revela que as serenatas já se faziam ouvir na Idade Média e que o nome surgiu como “serenada” pelos espanhóis e “serenata” pelos portugueses. 

 

Provavelmente este hábito veio para o Brasil com os colonizadores.  Tinhorão afirma que a serenata viveu seu ápice na segunda metade do século XIX, com o crescimento das cidades. Segundo ele, porém, após o fim da Primeira Guerra Mundial, o próprio desenvolvimento urbano acelerado acabou por desestimular o hábito de cantar pelas ruas.

 

Nos idos de 1930, o Príncipe Maluco fez muitas serenatas em homenagem à sua amada. Cantava composições próprias e também de outros artistas.  Minha avó tinha uma predileção por uma canção especial, muito linda, de Chiquinha Gonzaga, que aqui recordamos:


Lua Branca (Chiquinha Gonzaga)


Ó, lua branca de fulgores e de encanto
Se é verdade que ao amor tu dás abrigo
Vem tirar dos olhos meus o pranto
Ai, vem matar essa paixão que anda  comigo
Ai, por quem és, desce do céu, ó, lua branca
Essa amargura do meu peito, ó, vem, arranca
Dá-me o luar de tua compaixão
Ó, vem, por Deus, iluminar meu coração
E quantas vezes lá no céu me aparecias
A brilhar em noite calma e constelada
E em tua luz então me surpreendias
Ajoelhado junto aos pés da minha amada
E ela a chorar, a soluçar, cheia de pejo
Vinha em seus lábios me ofertar um doce beijo
Ela partiu, me abandonou assim
Ó, lua branca, por quem és, tem dó de mim

 

 

 

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